Milho
MERCADO MUNDIAL DE MILHO
NOTAS
DESTACADAS SOBRE A CAMPANHA 2015/2016
O período do ano em que nos encontramos (3º
trimestre) é, para muitos dos produtores nacionais, o período crítico de
decisão relativamente à campanha de 2016.
Sendo
certo que aquilo que o agricultor retém, para efeitos da sua tomada de decisão,
é o preço da última campanha, sendo previsível, também, que o stock de final da campanha comercial
2015/2016 se manterá a um nível confortável, surgem, no entanto, sinais de que
nos poderemos encontrar na fase terminal de um ciclo negativo. Limitar-me-ei a
enumerar um conjunto de notícias e factos que surgiram nas últimas semanas, um
pouco pelas diferentes fontes de informação internacionais do setor:
§ Apesar de um abaixamento global do preço da soja, a
desvalorização do real está a ser compensada com preços internos mais altos,
encorajando os agricultores a aumentar a área semeada no Brasil (Fonte: USDA –
United States Department of Agriculture – Gain Report Brazil – 02.Out.15)
§ 83% do total da superfície de milho na Argentina pode ser
economicamente inviável na campanha 2015/2016. O rendimento médio da cultura
encontra-se 75% abaixo do nível de cobertura dos custos de produção, podendo
gerar uma redução considerável nas intenções de sementeira na próxima campanha
(Fonte: AACREA – Asociación Argentina de Consorcios Regionales de
Experimentación Agrícola – Comunicado de Prensa – 23.Set.15)
§ A Bolsa de Cereales de Buenos Aires prognosticou uma
redução na área de sementeira de milho de 20% para a campanha 2015/2016, fruto
das condições de mercado e da falta de medidas que incentivem as sementeiras
(Fonte: Bolsa de Cereales – Panorama Agrícola Semanal – 01.Out.15)
§ O fenómeno climático El
Niño deverá atingir um pico entre Outubro de 2015 e Janeiro de 2016,
prolongando-se até à primavera de 2016, segundo a WMO (World Meteorological
Organization). Segundo a NOAA (USA National Oceanic and Atmospheric
Administration), a intensidade do fenómeno poderá mesmo ultrapassar o de
1997/1998. A concretização deste fenómeno terá efeitos sobre as produções,
esperando-se secas no Sudeste Asiático. Apesar da situação dos stocks mundiais
ser confortável, ela poderá mudar rapidamente (Fonte: AGPM – Marchés Maïs –
02.Out.15)
§ As atenções focam-se na ausência de chuva e na
instabilidade das temperaturas na região do Mar Negro e no sul da Rússia. As
condições são verdadeiramente preocupantes para os trigos de inverno. A Ucrânia
e a Rússia representaram, nos últimos três anos, 20% das exportações mundiais
de trigo (Fonte: AGPM – Marchés Maïs – 02.Out.15)
§ Segundo os operadores, os primeiros resultados das
colheitas de milho nos Estados Unidos levam a perspetivar uma revisão em baixa
do rendimento da produção americana (Fonte: AGPM – Marchés Maïs – 09.Out.15)
§ Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento do
Brasil), espera-se uma área semeada de milho em baixa na safra, este ano (cerca
de 28,5 Mha contra 30,7 Mha no ano anterior), mantendo-se a área da safrinha.
Prevê-se, assim, uma redução da área total de milho no Brasil na ordem de 2 a
3% relativamente ao ano anterior (Fonte: AGPM – Marchés Maïs – 09.Out.15)
§ Os analistas permanecem hesitantes sobre a estimativa da
produção de milho ucraniana de 2015. A USDA prevê uma produção de 25Mt (contra
27 Mt anteriormente), a Agritel prevê uma produção inferior a 23 Mt, enquanto
que o governo ucraniano estima a colheita em 22,2 Mt (Fonte: AGPM – Marchés
Maïs – 09.Out.15)
Sem entrar no campo das meras
especulações, terreno em que os mercados de cereais são extremamente férteis,
parece vir a conjugar-se, neste momento, um conjunto de episódios e
circunstâncias, que se prestarão a interessantes leituras.
Jorge Neves
Diretor Geral da Agromais
Newsletter Agromais | Trimestral | 4ºEdição.2015