A MIRAR O CAMPO com… João Coimbra
A MIRAR O CAMPO com...
João Coimbra
Eng.º
Agrónomo (ESA Santarém), 50 anos, casado, 5 filhos
Agricultor há
25 anos, gere em conjunto com 2 irmãos várias explorações da família, com 2.500
ha, dos quais 2.000 ha são de floresta e 400 ha são de regadio em diversas
zonas do Ribatejo.
É diretor da
AGROMAIS, da ANPROMIS e vice-presidente da CAP
MIRAR O CAMPO (MC):
Como tem sido o desenvolvimento da sua atividade agrícola na região?
João Coimbra (JC):
Ao longo dos últimos 25 anos a nossa exploração agrícola com sede no concelho
da Golegã procurou a especialização, sendo hoje altamente especializada na
produção de milho. Passámos de uma exploração de olival de sequeiro, para uma
exploração de regadio, de sistemas de rega por gravidade para sistemas de
aspersão, o que obrigou a um conjunto de investimentos na gestão integrada de
toda a exploração e na contratação de pessoal qualificado; hoje em dia, a nossa
exploração emprega o equivalente a 15 pessoas durante o ano, sendo 10 a tempo
inteiro e o restante trabalho temporário.
Foi
preciso fazer um grande esforço de investimento para conseguir modernizar a
exploração; ao longo dos 25 anos de atividade já investimos mais de 3,6 Milhões
de euros na área agrícola, dos quais mais de 70% com capitais próprios.
Conseguimos com isso triplicar e estabilizar as produções unitárias de milho.
(MC): Que desafios
futuros consideram mais relevantes para a sua atividade?
JC:
Nos próximos anos, teremos de ser capazes de melhorar a nossa sustentabilidade.
É importante que entendamos a sustentabilidade como resultado de 3 vetores:
económico, social e ambiental. Não querendo minorar as restantes, a componente
económica é aquela que "sustenta" todas as outras; as explorações têm de ser
viáveis e criar riqueza para que possa ser distribuída. A vertente social é
intrínseca à agricultura, sobretudo à de regadio, pois está intimamente ligada
à melhoria da qualidade de vida das pessoas. Na vertente ambiental residem um
conjunto de fatores que são essenciais para a forma como a atividade se tem de
ajustar (por exemplo, às alterações climáticas) e como se deve desenvolver (por
exemplo, promovendo a biodiversidade). Tudo isto está associado à necessidade
de aumentar a eficiência da produção e a eficiência na utilização dos fatores;
e neste aspeto particular, conseguimos ser uma das 1ªs empresas a ser
autossuficientes em energia elétrica (toda a energia que consumimos é produzida
com recurso aos nossos painéis solares); estamos também a desenvolver um
projeto de manutenção e incremento da biodiversidade no regadio.
(MC): Qual a
importância que atribui à AGROMAIS neste seu percurso?
JC:
A AGROMAIS é um projeto único no país, pois conseguiu responder aos interesses
dos pequenos e dos grandes produtores da região. É indiscutível o seu papel na
defesa do rendimento dos agricultores e no apoio técnico que presta aos mesmos.
Para o sucesso da AGROMAIS muito contribuiu a capacidade de liderança dos seus
dirigentes, a capacidade de responder a diferentes expectativas dos produtores
e o sucesso comercial assente na capacidade negocial obtida pela concentração
da produção. É um exemplo! Se existissem outras AGROMAIS seríamos certamente um
país mais forte.