Está a Mudar tudo no Alqueva
O ano
de 2002 foi o ponto de viragem para a região Alentejo: o fecho das comportas da Barragem
do Alqueva!
As
planícies alentejanas outrora conhecidas pelas culturas de cereais de sequeiro,
no ano de 2016 tiveram a seguinte percentagem de ocupação de solo: olival
(56,27%); milho (7,82%); vinha (6,52%); forrageiras (5,5%); frutos secos
(4,94%); oleaginosas (4,92%); hortícolas (4,64%); cereais (3,85%); frutas,
aromáticas e medicinais (3,44%); outras (2,1%). (EDIA, 2016)
Porém,
esta diversificação de culturas só é possível devido à existência de água do
Alqueva, a qual permite regar aproximadamente 110 mil hectares de terra,
fazendo emergir culturas que até agora seria impensável ver nestes territórios.
São estas culturas que estão a assumir um papel cada vez mais importante na
paisagem e economia alentejana.
Os
agricultores alentejanos são perspicazes e atentos a estas alterações, o que
lhes permite realizar investimentos em novas culturas. Por isso, passámos a ver
plantado no Alentejo pomares de fruta, amendoais, olivais e hortícolas, onde
existiam cereais, pastagens e forragens.
Nos
últimos anos temos assistido a um forte investimento em amendoais, prevendo-se
que, num prazo de 3 anos, estejam plantados mais de 7 mil hectares no Baixo Alentejo.
Esta cultura só é possível nesta região devido à excelente qualidade dos solos
associada à abundância de água. É uma das culturas mais promissoras e rentáveis
nesta região, com excelente valorização – a amêndoa tem sido valorizada acima
dos 6 euros por kg -, e que beneficia de uma conjuntura interessante (num
passado recente, a maior região produtora no mundo – Califórnia - foi
"atingido" por um período de seca grave e prolongado).
O
olival continua a ser a cultura com uma maior expressão, devido também à
excelente cotação do azeite. Tem contribuído para o aumento do investimento em
novos lagares, que beneficiam quer os agricultores quer a economia local.
Além
do olival e dos frutos secos, as frutas são também uma cultura de destaque,
sendo possível neste momento observar grandes extensões de pomares de árvores
de fruto. Mais uma vez, só é possível produzir frutas no Alentejo devido à água
do Alqueva assim como, o excelente clima aqui existente que permite produzir
com "sabor" e "cheiro", características distintivas na valorização do produto
final.
Outras
culturas com um enorme potencial, devido à existência de água, são os produtos
hortícolas, nomeadamente a cebola, brócolos, abóbora, pimentos, melão entre
outras. Nestes casos, há o condicionalismo da proximidade à agro-indústria, que
encarece a sua produção e que dificulta o alargamento das áreas de produção. O
surgimento destas unidades industriais iria aumentar a aposta nestas novas
culturas e ao mesmo tempo potenciar a economia local, apesar de existirem
organização, como a AGROMAIS, que procuram apoiar estes produtores e dar-lhes
todas as condições de produção. Por exemplo, o aumento das áreas de produção de
cebola tem sido um excelente exemplo.
Mas
mesmo com alguns constrangimentos, a barragem do Alqueva, e o perímetro de rega
a partir daí estabelecido, tem sido o elemento impulsionador para a mudança da
região do Alentejo a todos os níveis. Veio mostrar o potencial existente numa
região que, para muitos, estava quase destinada ao isolamento e esquecimento.
Agora é vista como uma região com um enorme futuro ligado ao setor agrícola.
José Vargas
Departamento Técnico e Comercial da Plus Alqueva